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sexta-feira, 18 de novembro de 2011


    27/09/2011, por "Pe. Vagner José Raitz"

    Mistagogia do espaço celebrativo


       Este foi o tema evidenciado no Encontro de Liturgia do Regional Sul II nos dias 5 a 7 de julho. O encontro foi realizado em Maringá e contou com a assessoria da Irmã Laide Sonda - Pia Discípula do Divino Mestre. A partir das reflexões pudemos responder à seguinte questão: Os espaços celebrativos de que dispomos nos ajudam a celebrar o Mistério da morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo?

       De antemão precisamos ter claro que o espaço celebrativo não pode simplesmente adaptar-se às vaidades e gostos pessoais de alguns. Existem orientações precisas da Igreja sobre os elementos essenciais do espaço litúrgico e a disposição dos mesmos a fim de que os celebrantes sejam conduzidos ao Mistério (Mistagogia), o que não pode ser confundido com enfeites ou adornos que pareçam bonitos aos olhos.

       A igreja (templo) precisa refletir a Igreja (comunidade dos fiéis). O edifício igreja edifica a Igreja. O espaço deve conduzir à comunhão, à partilha, a fim de que todos se sintam verdadeiramente membros do corpo místico de Cristo.

       Passemos para algumas questões práticas tendo diante dos olhos as nossas capelas e lugares de celebração.

      Quando nos dirigimos à igreja, devemos lembrar que somos caminheiros para a casa do Pai, somos peregrinos. O trajeto que nos conduz à igreja deve ser um espaço de preparação. É de grande valia um átrio amplo nas igrejas, um jardim com imagens, um espaço para que os fiéis conversem, cumprimentem-se. Antes de comungar o corpo e o sangue de Cristo comunguem a vida uns dos outros, as alegrias e angústias. Desde o início da Igreja, quando os cristãos deixaram de celebrar nas casas e adquiriram uma casa específica para a celebração, houve uma preocupação com o átrio, com o lugar da acolhida. Não podemos reduzir a acolhida à entrega de folhetos nas portas das igrejas.

       Por falar em porta, pensemos nas portas de nossas igrejas. Elas representam o próprio Jesus que disse "Eu sou a porta" (Jo 10,7). A porta da igreja não pode ser uma porta comum, igual à porta das nossas casas. A maçaneta da porta deveria apresentar um detalhe religioso. Na porta deveríamos já encontrar algo que sinalize o batismo. O ideal seria uma fonte batismal, mas, se não a temos, é de fundamental importância que ofereçamos um sinal do batismo nas portas de nossas igrejas. Uma gota de água benta não expressa a profundidade do batismo e este, como ingresso na vida da Igreja.

       Para as imagens dos santos, qual seria o melhor lugar? As imagens dos santos nunca deveriam estar mais destacadas que a imagem de Cristo. O local mais apropriado para as imagens dos santos não é no presbitério, mas sim, ao lado da assembléia, nas paredes laterais, pois eles, os santos, também formaram assembléia, caminharam rumo a Cristo. Cuide-se para não multiplicarem-se imagens do mesmo santo e lembre-se que a igreja não é espaço para devoções particulares. Um oratório de devoção pessoal devo fazer em casa.

       Com relação ao espaço da assembléia, nossas construções deveriam ser pensadas a partir dos ministérios, para não continuarmos separando nave, onde está o povo, e presbitério, onde estão os atores da celebração. Não deve existir um culto do clero, que seja celebrado para que o povo dele participe passivamente, mas o culto da assembléia no qual todos rezam juntos. A assembléia não é uma massa estática de espectadores, mas uma reunião orgânica. A forma longitudinal da maioria de nossas igrejas deixa muitas vezes cada um sozinho no todo. O ideal seria o altar mais centralizado e a assembléia ao redor, onde possa haver intercâmbio, olho no olho.

       Cadeira do presidente deveria significar "aquele que serve". Quem deve ocupar a cadeira presidencial? Somente os padres? Os leigos podem sentar na cadeira presidencial durante a celebração da Palavra? As opiniões com relação a este assunto são diversas e polêmicas. No entanto, precisamos ter claro que não existe assembléia sem presidência. É uma cadeira presidencial e não cadeira do padre. Se a deixarmos vazia durante a Celebração da Palavra, corremos o risco de estarmos desmerecendo a celebração da Palavra e o presidente leigo. Localizar a cadeira presidencial junto ao povo é muito significativo, porém deve ser sempre destacada, pois o presidente age sempre em nome de Cristo Cabeça.

       No próximo mês continuaremos a reflexão sobre este tema com orientações sobre outros elementos que compõem o espaço celebrativo.

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